Vanilton Lakka: artista empreendedor, sim senhor!

Vanilton Lakka é, definitivamente, um artista de sucesso. Bailarino, nascido em Uberlândia/MG, conseguiu, mesmo não morando no eixo Rio-São Paulo, nem mesmo na capital do Estado, ter reconhcimento nacional e internacional com sua dança. Já possui teses escritas sobre seu trabalho, já dirigiu espetáculos, tem uma carreira solo consolidada e grande experiência em grupos também. Lakka foi premiado melhor criador-intérprete pela Associação Paulista de Críticos de Artes em 2005, é bacharel em Ciências Sociais e nesse momento cursa um Mestrado na Universidade Federal de Uberlâdia. Uma carreira heteronêgea com resultados híbridos. Híbrida também é sua formação: seus estudos incluem dança de rua, balé clássico, jazz, dança moderna e técnicas corporais aplicadas a dança contemporânea. Entre seus principais trabalhos coreográficos estão “O Corpo é a Mídia da Dança?”, de 2006, e sua continuação, “Outras Partes”, projeto premiado pelo programa Rumos Dança Itaú Cultural, biênio 2006/2007. Lakka Já viajou o mundo e se apresentou em diversos festivais não só no Brasil, mas também na América Latina, Europa e África.
Lakka é parceiro e amigo, desde 2007, quando topou dirigir o espetáculo "Parcours", que propunha um diálogo entre a dança contenporânea e o Parkour, atividade da qual sou adepta. Desde então, tenho acompanhado a manutenção e crescimento dessa carreira tão brilhante e, recentemente, bati um papo com ele sobre sua porção empreendedor. O objetivo era o de incluir os resultados da entrevista em um artigo que estou escrevendo sobre empreendedorismo no setor cultural, como conclusão da minha pós-graduação em Marketing. Optei por compartilhar aqui a entrevista, porque acredito que ela tem muito a contribuir para nós, artistas interessados em tomar as rédeas das nossa próprias carreiras.


Infelizmente o áudio da entrevista não está nada bom, em função de problemas no equipamente de captação - que só descobrimos depois! :( - mas me desculpo dizendo que, em contrapartida, as falas de Lakka são muito boas e esclarecedoras. Espero que gostem e, assim como eu, se motivem pelo trabalho dele. Prometo que quando tiver um tempinho maior, eu transcrevo a entrevista e publico aqui! ; )

E para saber mais sobre o trabalho de Lakka, dê uma passadinha no site dele, e não deixe de conferir alguns vídeos dos trabalhos


Para saber sobre a agenda de Lakka, clique aqui! Quem sabe ele não está planejando uma passagem por sua cidade?
Saiba mais sobre o Parkour e sobre o projeto "Parcours" dirigido por Lakka! Veja também um teaser do trabalho.




Um beijo e até a próxima, 
Rafaela Cappai 

10 ideias-projetos-coletivos-grupos culturais pra ficar de olho em BH!

Esse post começou com o seguinte título: "5 projetos culturais...", mas minha pesquisa inicial já apontava pelo menos 7 boas ideias do universo cultural-artístico-criativo de BH sobre as quais gostaria de falar... De 5 passamos para 10, e já estou com cerca de 17 tags abertas sobre projetos que comem pelas beiradas em BH e que vão transformando a cena alternativa daqui em algo tão interessante... Quem me conhece vai achar estranho eu levantando assim a bola da cidade, mas não há como negar que o espaço para boas ideias está crescendo, assim como elas mesmas, que se proliferam e fazem a cidade ficar tão mais interessante. Preferi então dividir o post em pelo menos dois... Se serão necessários três, saberei depois. Preferi também não categorizar as ideias-projetos-coletivos-grupos, porque elas são isso mesmo. Ideias. De pessoas criativas, que  provavelmente não gostam de ser categorizadas e guardadas em gavetas com etiquetas coloridas! São ideias para fazer arte, pensar a cultura, divulgar ideias, conectar pessoas, divertir gente, entre muitas outras importantes tarefas reservadas às pessoas criativas! 

O Coletivo Mambembe tem o intuito de reunir pessoas de áreas diferentes para realizar trabalhos multidisciplinares, aproveitando as diferentes habilidades, idéias, propostas e compartilhando um pensamento em comum: criar novos conceitos, experimentar e trocar conhecimentos. Vale a pena conhecer a loja onde você vai encontrar almofadas, bolsas, broches, sketchebooks super fofos!


É claro que você já conhece o Duelo de MC's... mas caso tenha passado em branco vale bater na mesma tecla, principalmente porque o evento voltou com força total para o seu lugar de direito: embaixo do Viaduto de Santa Tereza, após algumas longas semanas depois de enfrentar problemas no local. Todas as sextas-feiras, ao vivo, em pleno espaço público. Uma excelente dica pra curtir a cidade!


Desde 2004, o Projeto Box trabalha incentivando o talento de novos estilistas e designers de Minas Gerais, proporcionando oportunidades de mostrarem seus trabalhos e de se inserirem no mercado. Entre as ações do projeto estão seletivas que escolhem designers e estilistas para receberem consultoria em moda e ao final do processo apresentarem sua coleção em desfile.


A Mondo BHZ é uma revista de crítica cultural direcionada ao público de Belo Horizonte que pauta assuntos em cinema, música, artes cênicas, gastronomia, artes plásticas e literatura, escritos por colaboradores diversos. Lá é possível encontrar textos com coberturas de espetáculos, críticas, colunas e perfis.  A revista apoia-se no questionamento estético e na vivência cultural da cidade, para colaborar com a divulgação do universo artístico de Belo Horizonte. Vale assinar o RSS do site para receber os textos quentinhos, direto na sua caixa.  

Não é de hoje que o pessoal do Azucrina vem fazendo barulho por BH. Afinal o verbo deles é esse: fazer! Trata-se de um coletivo de artistas, designers, músicos que compartilha uma atitude "Faça Você Mesmo". No about do site eles contam: "Explicar o que fazemos não faz muito sentido, confira por conta própria!" E eu vou me dar ao trabalho de explicar? Acho que não. Prefiro que você  mesmo veja com seus próprios olhos...

Aqui peço licença para uma auto-quase-propaganda, uma vez que o autor do referido projeto é meu futuro esposo, mas realmente acredito na ideia! Gorila Branco, do ator e diretor  Bruno Peixoto, é uma produtora de conteúdo audiovisual, ligada às áreas de dança, teatro, música e porque não, Parkour. Bruno já produziu trabalhos para os paulistas do Cia Nova Dança 4, Diogo Granato, Paula Picarelli, Natália Malo, entre outros. Em BH já criou conteúdos para Elisa Paraíso, além de ser também responsável por vários vídeos do grupo PKMAX. No site, além de ficar por dentro de vídeos de autoria de Bruno, você confere dicas do universo audiovisual.

O guia cultural Mixordia colocou fogo na mesmice da divulgação cultural em Belo Horizonte e deu espaço para a cena alternativa que não pára de crescer na cidade. O projeto também independente, é editado por Daniel Silva, Débora Fantini e Marcelo Lustosa. Ficou na dúvida do que fazer no fds na cidade: vai lá que não tem erro... desde vestinhas descoladas, a programas gratuitos que você não vai encontrar no caderno de cultura do Estado de Minas. Vale a pena se cadastrar na newsletter e receber semanalmente o que rola de mais bacana e inusitado em BH.  
A mini, como o próprio nome diz, é um pequeno espaço de exposições ligadas às artes visuais, idealizada pela artistas Angelina Camelo e Clara Valente para dar vazão aos seus próprios trabalhos, mas também dar espaço para artistas nacionais e internacionais. Localizada no coração da Serra, em plena Rua do Ouro, a Mini Galeria faz parte da Rojo®artspace, uma rede colaborativa independente dedicada à promoção e apoio às artes com sedes em Barcelona (Espanha) e São Paulo (Brasil).

Os meninos do RoodBoss Soundsystem são apaixonados por música jamaicana e pela rica cultura da ilha caribenha. Da paixão nasceu o projeto, que leva às ruas de BH um sistema de áudio inspirado nos antigos sound systems jamaicanos. Gratuito, o evento que acontece de tempos em tempos, consegue levar à praças e espaços públicos da cidade uma heterogênea mistura de pessoas e tribos. De crianças, à moradores de rua...

O Queijo Elétrico é um selo musical autoral, mas também uma TV e um jornal virtual! Eles organizam festas, produzem conteúdo audiovisual pra Internet e parecem se divertir muito em diferentes formatos, linguagens e suportes. O objetivo é dar espaço a novos artistas, mostrando a relação da cidade com suas obras e fazendo a cena cultural de BH acontecer. A dica é se inscrever no canal do Youtube dos caras e ficar sabendo dos vídeos em primeira mão.

Se tiver mais alguma sugestão para incluir no próximo post, não hesite em me contar!   

Até a próxima, 
Rafaela Cappai 

O novo-artista: lava, passa, cozinha e ainda faz arte

Recentemente fui a uma defesa de tese de Mestrado de uma antiga amiga, com quem trabalhei há mais de 10 anos. Eu e Maria Elisa Medeiros atuamos juntas no montagem teatral "Hilda Furacão", adaptada do texto de Fernando Drummond, com direção de Marcelo Andraade. Foi uma montagem grandiosa que deu muito pano pra manga, principalmente porque foi feita com um orçamento gigante até mesmo para os dias de hoje, quase 1 milhão de reais. Naquela época nós éramos apenas duas estudantes, mas já trabalhávamos profissionalmente como bailarinas. Eu e Maria Elisa continuamos nos vendo depois do fim da produção, mas não tanto quanto gostaríamos, e portanto, as atualizações sobre a vida de cada uma não eram as mais completas possíveis. Eis que há um tempo atrás descubro que nós duas continuávamos trabalhando na área da Cultura, mas com temáticas diferentes, e ao mesmo tempo complementares.


Maria Elisa fez Mestrado em Administração Pública na Fundação João Pinheiro - Governo de Minas, e sua tese teve como tema "O Financiamento da Cultura no Estado de Minas Gerais: Uma Análise da Lei Estadual de Incentivo à Cultura 1998-2008 e do Fundo Estadual de Cultura 2006-2008". O trabalho, como destaca o próprio título, analisa os dois mecanismos de financiamento à Cultura do Estado de Minas nos anos em que estiveram em vigor.


O interessante da tese é que Maria Elisa utiliza dois conceitos: descentralização e desconcentração para realizar sua análise do ponto de vista da distribuição de recursos dos dois mecanismos. Na apresentação abaixo você conseguirá entender um pouco melhor o que cada um significa, e o que Maria Elisa descobriu analisando os arquivos e históricos de cada um dos anos.


Os méritos da pesquisa são vários e óbvios, pois colocar luz sobre a questão do financiamento público é de grande importância para nós que trabalhamos com arte e cultura, mas prefiro destacar aqui uma outra questão: a importância de termos artistas entendendo de assuntos diversos que lhes dizem respeito e lidando com questões estratégicas para os próprios artistas. Maria Elisa é bailarina e atriz por formação (Artes Cênicas - UFMG) e se interessou pela Administração Pública, (Fundação João PInheiro), mas é também formada em Relações Internacionais (Centro Universitário UNA) e tem pós-graduação em Gestão de Projetos (IETEC). Em sua apresentação da tese ela deixou claro que partiu do ponto de vista da sua própria vivência para o estudo, ou seja, sua dificuldade como artista em conseguir recursos para suas produções.

Assim como Maria Elisa se interessou pela tema da gestão pública, precisamos ter artistas discutindo outras questões importantes para os próprios artistas. Já não existe mais, ou pelo menos para a grande maioria de nós, aquela imagem do artista que fica alheio a tudo que acontece à sua volta, apenas se dedicando aos fazer artístico. Aquele artista que não sabe lidar com dinheiro, que não consegue se planejar e pensar adiante. Infelizmente, ou felizmente, os tempos são outros e nós temos sim que nos envolver em questões como financiamento, formação, comunicação, planejamento, sustentabilidade, entre várias outras, se quisermos continuar fazendo o que tanto gostamos: arte.

Essa semana acompanhei o Seminário Música e Movimento, do Conexão Vivo, através da Inernet e curti muito as colocações feitas pelo músico e compositor Romulo Fróes e seguidos por comentários duros e diretos do Carlos Eduardo Miranda, produtor musical e jurado de programas de TV. A palestra era "Pop x Popular – superando a dicotomia". Em suas proposições eles deixam claro que não existe mais essa figura do músico que não se envolve em outras questões  que não apenas tocar. O músico agora toca, mas também sabe gravar, sabe mixar, sabe comunicar e utilizar a Internet para divulgação de seus trabalhos.

Rômulo citou o momento em que chegou a Belo Horizonte, entrou no táxi e pediu ao motorista que seguisse determinado trajeto em função de tarefas que teria que relizar para o seu show. O motorista então se disse impressionado, pois pensou que o artista precisasse meditar e se concentrar antes de tocar, e não realizar tarefas cotidianas de produção. Rômulo completou: "Não sei qual foi a última vez que me concentrei"...

Brincadeiras à parte, por vontade ou necessidade, o novo-artista agora tem que se especializar, seja em um Mestrado em Administração Pública, seja em como utilizar o Twitter, ou descobrindo como gravar e mixar seu próprio disco com pouca grana se quiser emprender seu próprio trabalho.


Rafaela Cappai 

Imagem: Malabarismo Espacial by José Bogado

Conhecer sua audiência: tarefa primordial para o empreendedor cultural




















Entender e conhecer sua própria audiência é tarefa essencial para artistas empreendedores interessados em aumentar seu público e consequentemente ter nas apresentações de espetáculos uma fonte de renda viável e sustentável. Infelizmente, isso ainda não é o acontece com a maioria de nós artistas brasileiros, mas há exceções, com certeza! Artistas que possuem respaldo da mídia tradicional, especialmente TV, como os que atuam em novelas, conseguem alavancar grandes públicos quando se apresentam em teatros; grupos de dança e teatro tradicionais e renomados como os bons exemplos mineiros Corpo e Galpão também angariaram ao longo de anos essa reputação que atrai grandes platéias. Outros casos são construídos dia-a-dia,  também ao longo de anos, como os  também mineiros e também bem sucedidos Espanca! e Luna Lunera que, apesar de relativamente novos, conseguem ter bons públicos em temporadas abertas. Um outro exemplo a ser citado é o caso dos também conterrâneos da Cangaral  - Ílvio Amaral e Murício Canguçu - que já levaram mais de 1 milhão e meio de pessoas ao teatros de todo o Brasil, para assistir "Um espírito Baixou em Mim", sem falar de seus outros esptáculos, mas esse caso, é um fenômeno à parte que merece um estudo mais apurado para apontar os motivos. 

E é sobre isso que quero falar hoje: de como é necessário e está cada vez mais fácil para o artista empreendedor apurar quem é o seu público, como ele fica sabendo do seu espetáculo, o que o fez sair de casa para ir até o teatro assistir. 

Participo, ao lado da jornalista e divulgadora Bia Morais, que por um grande acaso também é minha mãe (rs...), de um trabalho entitulado "Divulgação Cultural: Pesquisa e Levantamento de Dados", que está sendo entregue esse mês ao Fundo Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, responsável pelo financiamento da mesma. O objetivo é tentar entender os mecanismos e as relações existentes na tarefa de comunicar na área da Cultura. Bia entrevistou artistas, jornalistas, divulgadores, diretores e produtores para tentar decifrar os entraves e apontar possíveis soluções para a divulgação cultural. O resultado da pesquisa, esperamos nós, vocês tomarão conhecimento em breve, através da publicação em livro, mas divulgo aqui uma parte da mesma da qual fui responsável: a pesquisa de público. 

Ao final do processo das entrevistas percebemos que não daria para falar em divulgação cultural sem escutar esse outro lado da questão: o público. Foi então que fizemos, com a inestimável parceria de 7 artistas/grupos locais de Belo Horizonte, uma pesquisa para decifrar questões importantes. Tiramos cópias de cerca de 500 questionários que foram aplicados nos teatros por nós, pelos produtores responsáveis, ou por profissionais do espaços em que os espetáculos eram apresentados. Esse material depois foi compilado, utilizando uma ferramenta web-based, analisado e colocado na forma de uma apresentação utilizando Power Point. Cabe aqui dizer que é possível fazer tudo isso com muito pouco dinheiro, mas que o retorno, ao aplicar a divulgação tendo em vista o resultado, conseguido, pode ser muito gratificante, na forma de mais público.

Compartilho com vocês abaixo a pesquisa e também nossas considerações a respeito da mesma. Espero que os motivem a arregaçar as mangas a descobrir quem é o seu público e que com isso, aumente a presença dele nos seus espetáculos e ações.  
Divulgação Cultural - Pesquisa e Levantamento de Dados - Pesquisa de Público

Considerações:


Gênero:
Os resultados indicam que o público feminino foi mais presente nos eventos artístico/culturais pesquisados. Esse dado não é novidade, mas sugere que se o produtor souber canalizar a divulgação para as mulheres, colocando seus flyers impressos não apenas nos pontos culturais tradicionais, mas também em locais freqüentados por elas, como salões de beleza, spas, lojas de artigos femininos, terá boas chances de atrair não apenas mais público feminino, mas de ampliar a presença de público masculino. Se é o feminino o gênero mais interessado em freqüentar eventos culturais, é também o que leva mais acompanhantes como outras mulheres e homens. Sites destinados ao público feminino, programas de variedades em rádio e TV, revistas, devem ter atenção especial do divulgador.

Faixa etária:
A idade do público pesquisado sofreu variação de acordo com o tipo de evento, mas a pesquisa apontou predominância da presença de pessoas na faixa entre 20 e 30 anos. Os motivos não foram levantados nesta pesquisa, mas uma possibilidade é apostar que esta faixa reúne jovens estudantes ou jovens já formados, inseridos no mercado de trabalho e autônomos financeiramente. Mas isso não é importante para a conclusão desse trabalho. O fundamental é notar que existe um enorme público potencial, das outras faixas etárias esperando ser seduzido pelos produtores. Mesmo que os temas de espetáculos, shows, exposições possam, teoricamente, interessar a uma faixa etária determinada, nada impede que seja feito o direcionamento da divulgação para outras faixas. Ao artista / produtor cabe conhecer a faixa etária de seu público, não só para reforçar a divulgação entre os mais frequentes, para identificar oportunidades de persuasão de um público não tão freqüente.

Profissão:
As três categorias mais presentes na pesquisa foram a dos estudantes, dos servidores públicos e dos aposentados. Destacando apenas essas, pode-se vislumbrar excelentes possibilidades de divulgação em escolas, universidades, bibliotecas, centros acadêmicos, entidades que congregam aposentados e servidores públicos. Para isso é fundamental que a divulgação seja tão prioridade quanto todos os outros itens da produção de um bem cultural. O espetáculo São Francisco de Assis à Foz, divulgou, entre outros locais, em paróquias e igrejas. Em uma das apresentações havia um padre na platéia.Como se vê, divulgação é uma atividade trabalhosa, dinâmico, e sobretudo requer muita reflexão e criatividade. Ao descobrir novos nichos de público e como chegar a eles, a eficácia quando se dedica a ele tempo e planejamento. E não adianta só o planejamento: toda ação de divulgação deve ter seu resultado monitorado e analisado para possível correção de rota.

Grau de Instrução:
O resultado desse item foi variável no geral. A exposição “O Grivo” foi o evento onde se pode perceber maior equilíbrio, com visitantes com escolaridade do ensino fundamental, médio e superior em números equivalentes.

É importante ressaltar a necessidade de se adequar a mensagem ao tipo de público: se o público é composto por pessoas de mais baixa escolaridade, a mensagem deve ser mais objetiva e direta; se for um público de escolaridade elevada, a mensagem pode ser mais simbólica.

Localidade de origem:
Além de reforçar a divulgação nos lugares de origem do público, é importante ampliar o raio de ação para locais potencialmente fornecedores de público como bairros mais distantes e os órgãos culturais e turísticos das cidades da região metropolitana, que têm sempre interesse em divulgar eventos para suas comunidades. Turistas de passagem por Belo Horizonte também procuram por diversão e cultura: hotéis, postos da Belotur, aeroportos, terminal rodoviário são exemplos de onde pode ser deixado material gráfico do evento. Importante ressaltar a força que a pesquisada ZAP 18 tem em seu entorno, mas não só nele. Os espetáculos da companhia são freqüentados em grande medida pelo público das regiões próximas ao bairro Serrano, onde está situada a sede, mas também consegue levar o público padrão consumidor de cultura ao bairro, que fica a aproximadamente 15km da região central de Belo Horizonte. Conclusão: se há um bom trabalho sendo exibido, e se a divulgação for feita corretamente, o público acaba comparecendo, e item como localização acaba ficando em segundo plano.

Meios de divulgação:
Os dados obtidos em relação à pergunta mais relevante desta pesquisa (Por qual meio de divulgação você ficou sabendo do evento?) indicam que a Internet já é o meio de divulgação mais acessado pelo público em geral.

De um universo de 443 pessoas que responderam o questionário, 73 ficaram sabendo por jornal impresso e 93 pessoas pela Internet (portais, blogs, Orkut, e-mail marketing, newsletter, e-flyer, Twitter e Myspace).

Em terceiro lugar está o rádio, com 52 pessoas, seguido pela televisão, com 28 pessoas.

A opção “Outros”, que permitia auto preenchimento, foi respondida por 197 pessoas. Em “Outros” estavam indicação de amigo do elenco, parente, namorado, empresa, instituição apoiadora, no local do evento (daí a importância de divulgar em placas no próprio local do evento e deixar material gráfico para ser distribuído pelos funcionários do espaço que também deverão estar bem informados sobre os detalhes do evento).

O resultado evidencia que o antigo boca a boca continua  sendo a forma mais efetiva de divulgação só que hoje é feito pela Internet, que dispensa o contato pessoal ou o telefonema. Indica também que os consumidores de cultura tendem a repassar material de divulgação com muito mais facilidade e agilidade pela Internet, principalmente se há uma solicitação nesse sentido e se já viram o evento e gostaram.

Nem sempre as pessoas ficaram sabendo do evento por apenas um meio de divulgação, por isso mesmo, nenhum deles deve ser descartado, ainda.

Uma forma de estimular o boca a boca é usar a força de comunicação do próprio elenco, seus amigos e parentes. O elenco tem de “comprar” a causa da divulgação também. É preciso gastar tempo ensinando e motivando as pessoas, mas o resultado aparece. Um exemplo disso aconteceu no show “Gracias a la Vida”, que contou com dois cantores (Néstor Gurry e Lígia Jacques), quatro músicos (Hudson Brasil) e 16 integrantes do grupo Os Cobra Coral. Houve forte mobilização de todas os envolvidos, que dispararam o flyer virtual várias vezes para seus catálogos de endereços, convidando  e solicitando o repasse a amigos.

Uma pessoa amiga de vários dos integrantes chegou a brincar dizendo que não agüentava mais receber e-mail do show Gracias a la Vida. O público lotou o Teatro Izabela Hendrix nas duas apresentações, havendo necessidade de cadeiras extras.

Outro estímulo ao boca a boca é criar promoção: distribuir, na saída do evento, filipetas nas quais se solicita sua indicação a amigos. Se o amigo trouxer a filipeta de volta, terá direito a um desconto. Isso, alem de estimular o boca a boca, possibilita também o monitoramento do resultado da promoção.

Veículos mais comumente consumidos:
Novamente a Internet ficou à frente, com 36% das respostas, seguida pela TV com 24% (as pessoas assistem muito a TV, mas não ficam sabendo da maioria dos eventos médios por ela, porque as TVs dão espaço primordialmente para os grandes eventos), pelos jornais impressos e pelas rádios, ambos com 17%. Em último lugar ficaram as revistas customizadas ou especializadas com 6%.

Ficou demonstrado também que não está claro para a maioria das pessoas a diferença entre matéria e anúncio em jornal, rádio ou TV. O que elas lembram é que se informaram sobre o evento no veículo.



Abraços espaciais, 
Rafaela Cappai 

Sim, o Empretec também funciona para artistas!

Se você se interessa por empreendedorismo, em algum momento já ouviu falar do EMPRETEC certo? Se não,  chegou a hora. Trata-se de um seminário, desenvolvido pela ONU, e aplicado no Brasil pelo Sebrae, que tem por objetivo desenvolver e fortalecer características e comportamentos empreendedores nos participantes. O curso é voltado para empresários e/ou pessoas interessadas em montar seu próprio negócio, mas também podem participar profissionais liberais, funcionários de empresas diversas, e eu acrescento: artistas interessados em empreender e/ou gerenciar suas próprias carreiras!

Eu me tornei uma EMPRETECA - forma carinhosa com que os que concluem o curso são chamados - no final do ano passado, em uma turma em Belo Horizonte, e afirmo com todas as letras: sim, o Empretec também funciona para artistas!  Por ter como base a mudança de comportamento, e não especificamente questões ligadas aos negócios dos participantes, quaisquer discussões implementadas durante o curso servem para o crescimento individual de cada um dos participantes. Funcionou comigo e tenho certeza de que pode funcionar com você também!

É claro que para nós artistas, o esforço de contextualização deve ser maior, mas  ao mesmo tempo, isso nos confere uma capacidade de articulação de diferentes esferas, nos preparando para circular entre os mundos artístico e de negócios com maestria. Sem contar que estar presente em uma turma com empresários de diferentes setores enriquece e muito nossa rede de contatos. A minha turma foi bastante heterogênea e, acredito eu, que o próprio Sebrae, durante a seleção, já articula dessa forma para aumentar a riqueza de discussões e relações estabecelcidas durante o seminário. 

As características do comportamento empreendedor trabalhadas no curso fazem com que possamos identificar nossos pontos fortes e fracos, e a partir daí, traçar um plano de ação para melhorar os pontos ruins e fortalecer os bons. No meu caso, percebi que precisava melhorar e muito, as características 'Persuasão e Rede de Contatos' e 'Planejamento e Monitoramento Sistemáticos'. É um trabalho que não acaba, mas tenho certeza de que estou evoluindo... 

Características do Comportamento Empreendedor: 
- Busca de oportunidades e Iniciativa
- Persistência
- Correr Riscos Calculados
- Exigência de Qualidade e Eficiência
- Comprometimento
- Busca de Informações

- Estabelecimento de Metas
- Planejamento e Monitoramento Sistemáticos
- Persuasão e Rede de Contatos
- Independência e Auto-Confiança
 

Mas o que exatamente o EMPRETEC pode fazer por você, sua carreira, sua capacidade de viver da própria arte? É claro que só posso dizer por mim mesma, mas minha vida de empreendedora se divide entre AE/DE, ou seja, antes e depois do EMPRETEC.  Tenho percebido melhora na minha capacidade de persistência (muito importante para artistas!), aumento da minha tolerância ao fracasso (tão importante quanto!), passei a olhar anos à frente e não apenas o próximo dia ou semana (coisa que artistas em geral tem dificuldade em fazer!). Agora me pego pensando de maneira estratégica, e estou melhorando, e muito, minha capacidade de articular minha rede de contatos em função do meus objetivos. Senti uma melhora também na minha confiança, auto-estima e capacidade de liderança. E isso eu aplico tanto na minha vida de empreendedora, como na minha metade artista. 

Como funciona? O seminário é executado em 6 dias consecutivos, num total de 60 horas. Exige dedicação exclusiva do participante, pois, será ministrado de 8 h às 12h e das 14h às 19h30. A turma é composta por 30 participantes, com 3 instrutores em sala durante todos os dias. 
Como participar? Preenchendo e entregando no Sebrae uma ficha de inscrição, em seguida, será agendarda uma entrevista (composta de algumas perguntas, acerca de situações do cotidiano da pessoa. Não é de caráter psicológico, faz parte da metodologia do seminário e serve para identificar o perfil empreendedor do candidato). Após a entrevista, o candidato será informado pelo entrevistador se está apto ou não para participar do seminário, podendo então efetivar sua matrícula através do pagamento de uma taxa que varia de Estado para Estado. Procure o Sebrae do seu Estado (Tel: 0800-570-0800) e se informe sobre as próximas datas do EMPRETEC)

Já ouvi de alguns amigos que após o EMPRETEC eu só sabia falar do EMPRETEC, mas é igual receita pra gripe que funciona, e a gente fica querendo que todos ao redor da gente experimentem também. É claro que o EMPRETEC não é remédio pra qualquer mal. Grande parte do seu sucesso vai depender do seu próprio esforço, mas as ferramentas você vai aprender a trabalhar lá. 


E eu realmente espero que o EMPRETEC possa te ajudar a alcançar aquilo que você sonha. Na prática!