Atenção tripulação, vamos decolar?

Desde quando me entendi por artista e assumi a profissão, faço questão de responder - atriz e bailarina - quando me perguntam o que eu faço da vida. Faço isso em ficha de academia, no consultório médico e onde mais for perguntada. E desde esse período também que a palavra decolar não sai da minha cabeça. Todo final de ano, lá estava ela, entre meus pedidos mais íntimos: esse ano quero decolar! O que decolar significava, na verdade nem eu sabia, mas entre os desejos íntimos de muitos artistas, inclusive eu, poderia estar ser descoberta por um agente de Hollywood, ou ser convidada para estrelar uma novela da Globo. Podia ainda ser indicada à um grande prêmio nacional ou ganhar muito dinheiro, da noite pro dia, sendo miraculosamente escolhida para ser a garota propaganda de uma marca de varejo.

E ano após ano, a palavra não saía da minha cabeça, nem dos meus desejos. E ano após ano eu via que nunca decolava... Aos poucos fui parando para analisar quais eram as minhas reais expectativas como artista, e quais eram as minhas reais possibilidades também. Pensei muito também no significado da palavra decolar. Cheguei a conclusão que minhas reais expectativas são muitas, e minhas reais possibilidades também, mas o foco, ou melhor, a rota é que estava errada. Confesso, não foi fácil! Essa descoberta veio acompanhada de muita frustração, raiva, baixa estima, de pensar em desistir, voltar atrás, pensar em desistir de novo, e voltar atrás de novo. Mas não tinha jeito. Se eu parasse pra pensar o que me faria feliz pro resto da vida, seria fazer arte! E com o pé no chão, percebi que nesse tempo todo de carreira (mais de 15 anos) eu tinha dado voos muito bacanas e significativos, mas acabava não os valorizando porque decolar parecia ser muito mais que isso.

Com o tempo também fui percebendo que essas expectativas gigantescas e equivocadas não eram só minhas. Milhares de outros artistas se veem em um beco sem saída em determinado momento da carreira e se perguntam: e agora? Fazer o que gosto, ou fazer o que dá dinheiro? Acontece que agora descobri, ou melhor, estou descobrindo, que as duas coisas podem andar juntas. Não pensem que isso significa que estou cheia da grana, ou que já cheguei nas coordenadas que gostaria. De forma alguma! Me vejo longe, longe, anos luz da chegada (se é que ela existe!), mas agora consigo imaginar qual rota seguir. O que estava errado? Deixar nas mãos dos outros o controle da nave. Despejar na conspiração do universo todas as possibilidades da minha felicidade profissional.

Agora tenho tentado traçar as rotas (sempre mais de uma delas!), imaginar os caminhos, (sempre muitos!) e as possibilidades (quase sempre infindáveis!). Não se trata de psicologismo barato, acredite! Estou falando de coisa séria, prática, objetiva, de descobrir seus reais desejos, saber como eles podem ser remunerados, tratar de obter as ferramentas para isso ou melhorar as que você já possui, e é claro, partir pra ação. Qual o nome disso? Empreender! Realizar suas ideias, tirá-las do papel, correr atrás dos seus sonhos... De novo repito, câmbio: não se trata de psicologismo barato! Trata-se de agir, operar, atuar, realizar, praticar, mover-se! Trata-se de estar no comando da nave-mãe. Eu já assumi o controle da minha, estou me preparando para o meu primeiro voo, e vou contar aqui como tudo vai funcionar, o que fiz, o que aprendi, e como você também pode tentar. A ideia é que você pegue carona mesmo, aprendendo junto comigo, a cada nova estrela que a gente pousar! Pra que você também assuma o controle da sua nave. E aí, vamos decolar?