The Creative Entrepreneur: plano estratégico através de imagens

Há pouco tempo conheci o trabalho da Lisa Sonora Beam, através da Internet e fiquei bastante interessada, principalmente pela abordagem que ela dá ao empreendedorismo no setor criativo. Foi daquelas surpresas, de quando você está navegando e chega a um ponto em que não sabe mais dizer como chegou até ali.. Assim acabei caindo no The Creative Entrepreneur, que divulga o livro de Lisa, de mesmo nome. Acabei comprando o livro de cara, sem ter certeza se seria uma boa ideia, o que fez a surpresa ser mais agradável ainda com a chegada do livro.


Lisa tem uma carreira bastante heterogênea, o que lhe permitiu criar uma metodologia muito interessante para o desenvolvimento de artistas interessados em empreender. Ela, além de ser artista plástica de técnicas mistas, é escritora e fundadora de uma empresa chamada Digital Hive EcoLogical Design, e tem um MBA em Sustainable Enterprise. Se você entende bem o inglês, pode ouvir uma entrevista com Lisa sobre o tema.


Segundo Lisa, artistas precisam de uma abordagem diferenciada para desenvolver competências no mundo dos negócios, pois a maioria deles não possuem as características necessárias para conseguir viver do que gostam. E as abordagens existentes não levam em conta as especificidades de trabalhadores do setor criativo. E foi aí que ela viu negócio! Lisa escreveu o livro e ministra workshops, não só nos Estados Unidos, aplicando sua metodologia. O que essa metodologia tem de tão especial? Lisa usa linguagem de artista pra falar do mundo dos negócios. No livro ela propõe uma série de exercícios práticos, que são realizados na forma de jornal visual, mas que ao final acabam desenhando um tipo diferente de plano estratégico. Bonito, artístico, visual... porque segundo citação de Carl Jung presente no próprio livro “The soul speaks in image” ou “A alma fala através de imagens”.


Há dois meses iniciei a minha leitura do livro e com ela o meu jornal visual. Confesso que toma tempo, mas é tão prazeroso que chega a ser terapêutico.


Um dos primeiros exercícios propostos por ela sugere o desenho da Cretive Entrepreneur Mandala. Nela você descreve, e com isso descobre, quais são, para você, os quatro fluxos necessários para alcançar um negócio no setor cultural/criativo, que seja ao mesmo tempo prazeroso, verdadeiro e rentável, ou seja, capaz de te manter financeiramente.


Os quatro fluxos da mandala apontados por ela que eu traduzo livremente são:


1. Heart / Meaning - amor e significado: ensina a descobrir o que se ama, diminuindo sua possibilidade de falhar. São algumas perguntas a serem respondidas:
- O que te faz mover-se como artista?
- O que dá significado a sua vida?
- O que você faz com amor e poderia fazer pelo resto da vida com prazer?
- Qual é seu sonho como artista?
- O que você valoriza?


2. Gifts / Flow - dom e fluidez: revela quais são seus dons inatos e como descortiná-los para alcançar seus objetivos. São algumas perguntas a serem respondidas:
- O que você sabe fazer tão bem que mal te dá trabalho?
- O que é fácil e natural para você?
- O que você faz e fica por horas absorvido sem perceber?
- Quais são as coisas que você faz melhor do que ninguém?


3. Value / Profitability - valor e rentabilidade:  colabora para criar uma negócio que seja centrado em alguma necessidade do seu público e como fornecer valor a partir do que você faz. São algumas perguntas a serem respondidas:
- Qual o problema que meu negócio pode resolver?
- O que meu negócio pode fazer melhor que seus potenciais concorrentes?/
- Como posso ajudar meus clientes com o que forneço?
- Como posso encantar meus clientes com o que faço?


4. Skills / Tools - competências e ferramentas:  revela quais são as ferramentas que eu tenho ou preciso desenvolver para alcançar minhas capacidades de liderança no que quero fazer. São algumas perguntas a serem respondidas: 
- Quais são ferramentas importantes para ser bem sucedido no que eu faço?
- Quais capacidades de liderança eu devo ter para alcançar o que desejo?
- Como posso conseguir as competências e ferramentas necessárias que não possuo?
- Como posso valorizar as competências e ferramentas necessárias que já possuo?


Sugiro que, como exercício, você experimente fazer as primeiras cinco páginas do seu jornal visual, assim como fiz as minhas. E claro, se gostar, compre o livro da Lisa. Garanto que a experiência é reveladora e muito prazerosa para nós artistas que estamos procurando uma forma de viver do que amamos. Um conselho da Lisa que reproduzo aqui é: não se preocupe em como o seu jornal visual vai acabar ficando, principalmente se você não domina técnicas de colagem e pintura. Apenas vá fazendo... Junte o que já possui em casa, lápis de cera, carimbos, tinta escolar, adesivos, recortes de revista e vá fazendo, sem julgamentos de valor. E se fizer, me conte como ficou!

 Minha mandala pessoal...

O que dá valor à minha vida?
 

 O que sei fazer? 

De quais ferramentas preciso?

Como transformar isso tudo em algo rentável?

Então, mãos à obra!